Como diz a letra de uma conhecida canção infantil, “comer, comer, é o melhor para poder crescer”. E para garantir que as refeições oferecidas nas escolas da Rede Municipal de Ensino de São Sebastião do Passé tenham o alto padrão de qualidade que possuem atualmente, o trabalho integrado e bastante planejado da Prefeitura, através da equipe do Setor Municipal de Alimentação Escolar (SEMAE), é fundamental. Conversamos com a nutricionista Mayana Saba, o técnico de alimentos Matheus Lima e a gerente do SEMAE, Célia Brito, para entender os processos da merenda escolar sebastianense no ano de 2018 e as estratégias adotadas para este ano, desde a aquisição dos produtos à chegada deles nas mãos dos nossos estudantes.

A nutricionista do setor, Mayana Saba, comentou como funciona a logística que antecede o momento de produção da merenda escolar. “Nós elaboramos um cardápio e apresentamos ao Conselho de Alimentação Escolar (CAE). O Conselho avalia esse cardápio e aprova ou não. A partir da aprovação do cardápio pelo CAE, fazemos um termo de referência, uma lista onde constam o alimento, a quantidade e as especificações de cada item que vai ser licitado. Depois de regularizar toda a parte burocrática, fazemos os nossos pedidos para atender os duzentos dias letivos, cerca de 10 meses, e em cima do cardápio mensal. Esse cardápio é montado e alterado de acordo com a variação da demanda e considerando situações como eventos e feriados. Nossa base de pedidos também é feita de maneira quinzenal e semanal. No caso da agricultura familiar, o pedido é semanal porque se tratam de produtos que não resistem muito tempo. Alimentos secos são feitos quinzenalmente, porque conseguimos armazenar por períodos de quinze dias. O cardápio é feito para o mês, mas vamos modificando de acordo com situações específicas”, explicou Mayana. 

Entre as situações que podem provocar uma eventual mudança no cardápio está a sazonalidade. Ou seja, fatores climáticos e estações do ano. “Quando estamos em períodos mais quentes, como agora, diminuímos produtos quentes, como sopa e mingau, e oferecemos lanches mais refrescantes como saladas de frutas, uma fruta com iogurte, para manter um equilíbrio”, pontuou a nutricionista. 

A equipe também conta com o trabalho do técnico de alimentos Matheus Lima, que atua no controle de qualidade de tudo que é produzido. “Nossa atuação no SEMAE é no auxílio à nutricionista, sendo um agente nas visitas técnicas e na cozinha com o controle de qualidade. Realizamos análises sensoriais, que é o que conhecemos como a “prova” do produto, para garantir a saída da produção com qualidade para os alunos. Além disso, atuo também como um agente de segurança, orientando a equipe da cozinha com técnicas de corte e manuseio de produtos. Todas as demandas externas também são acompanhadas por mim para garantir que todas as escolas do município sejam alcançadas”, ressaltou Matheus. 

Outros métodos também são utilizados para driblar situações como a rejeição dos alunos a determinados alimentos, sobretudo os mais saudáveis. “Esse trabalho de educação nutricional precisa da parceria com a coordenação pedagógica, com a abordagem do assunto dentro do currículo escolar. Nós, do SEMAE, também realizamos palestras sobre o tema que podem ser solicitadas pelas escolas. Além disso, realizamos o teste de aceitabilidade em 2018, onde selecionamos amostras com todos os segmentos – creches, tempo integral, educação infantil, primeiro e segundo segmentos – para saber a opinião sobre os itens inseridos no planejamento da merenda. Se os alunos aceitaram bem, mantém. Se foi mediano, nós avaliamos o que precisa melhorar e ajustamos para o ano seguinte. Se a aceitação foi muito baixa, o produto é retirado do cardápio e não é oferecido nas escolas. A adaptação é feita sempre que necessário. Em nosso plano de ações também fazemos uma avaliação nutricional com as creches, porque são alunos que estão entrando e que poderão ser acompanhados nos anos seguintes. O relatório é enviado à Secretaria de Educação e, a partir daí, o trabalho integrado com a Secretaria de Saúde gere melhorias em nosso serviço”, comentou Mayana Saba.  

Entre os alimentos oferecidos nas escolas da Rede Municipal de São Sebastião do Passé estão suco com biscoito, achocolatado com biscoito, cuscuz com charque e calabresa, arroz doce, mungunzá, mingau de fubá, sopa, salada de frutas, iogurte com uma fruta, mingau de cereais, dentre outros. Em caso de eventos ou festas nas escolas, o SEMAE produz kits, onde geralmente são oferecidos uma caixinha de suco ou achocolatado, biscoito individual e uma fruta. Mayana também ressaltou como funciona a produção da merenda escolar às segundas-feiras. “Dia de segunda-feira, a merenda sempre vai ter uma preparação fácil, porque o dia anterior é um domingo e não há condição de deixar nada pré-preparado. A merenda precisa estar pronta às 6h30, o nosso funcionário da cozinha chega às 5h, então ele só tem uma hora e meia para preparar. Se for algo que requer pré-preparo, fazemos o corte, a limpeza e higienização desse alimento no dia anterior. Como no domingo não tem funcionários trabalhando, a gente precisa de uma refeição mais prática, no caso o biscoito e o suco ou achocolatado que são feitos aqui. Toda segunda-feira servimos, sim, preparações mais simples e práticos. Nos outros dias, oferecemos as outras opções”, finalizou a nutricionista.  

Além do que é produzido no SEMAE, as creches e escolas de tempo integral recebem o item em sua matéria-prima original para que a merendeira da instituição faça o preparo das refeições. O cardápio também é elaborado pela nutricionista do Setor Municipal de Alimentação Escolar. No caso das creches, itens como arroz, feijão, macarrão, carne, verduras, legumes e frutas são enviados para garantir quatro refeições: café da manhã, lanche matutino, almoço e lanche vespertino. Já as escolas de tempo integral preparam para os alunos o lanche da manhã, o almoço e o lanche da tarde.

Sobre o planejamento para o ano de 2019, a gerente do SEMAE, Célia Brito, destacou que o plano de ações está pronto e será apresentado à Secretaria de Educação do município. “Um dos pontos principais é manter um cardápio com utilização de frutas em períodos mais quentes. Faremos isso com mais frequência, sempre respeitando o período sazonal. No período frio, alimentos mais quentes. Estamos pensando em promover também um treinamento prévio com as merendeiras nas próprias unidades para corrigir as falhas e seguir o que propõe o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE)”, finalizou Célia. 

Texto: Diego Costa
Fotos: Gilson Santana